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Aulas todas as quarta-feiras às 20 horas

Caso não possa assisti-las em tempo real, as aulas ficarão gravadas para acesso posterior

Inscrições até 19/11/2024

METODOLOGIA DE TRABALHO:

Aulas expositivas virtuais (via Google Meet) com recursos de slides [power point].

 

FERRAMENTAS DE TRABALHO

As aulas do curso serão proferidas no ambiente virtual do Google Meet com acesso exclusivo dos alunos e alunas que fizerem Inscrições.

O link de acesso à sala de aula será fornecido no Grupo de Whats Apps do Curso, espaço de interatividade virtual entre o professor e os alunos/alunas. 

O Grupo de Whats App será o espaço privilegiado para troca de idéias e informações entre o professor e os inscritos no curso.  

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ATENÇÃO
Após a conclusão do curso cada inscrito(a) terá direito a receber um Certificado de Participação com equivalência de 28 horas-aula, outorgado pelo Projeto CineTrabalho com apoio da RET - Rede de Estudos do Trabalho) sob a coordenação-geral do Prof. Dr. Giovanni Alves (UNESP). 

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OBJETIVOS DO CURSO:

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O curso pretende introduzir o tema do povo brasileiro na representação foto jornalística realizada nas décadas de 1970 e 80 no Brasil. Através da apresentação do trabalho de importantes fotógrafos da revista Realidade e Manchete, a saber, Maureen Bisilliati e Claudia Andujar,  o curso será dividido em três módulos, cada um correspondendo a um dos fotógrafos referidos, terminando com a análise do povo baiano por meio das imagens de Mario Cravo Neto, outro expoente fotografia documental desse período.

 

As séries de imagens apresentadas e analisadas pelo curso, serão também contextualizadas histórica e esteticamente. Apesar de interpretadas essas imagens como linguagem e técnicas fotográficas, também serão consideradas como categorias críticas e de compromisso social com aquilo que de popular foi registrado. Dessa maneira, o curso trará elementos para que se entenda a representação foto jornalística de determinadas classes da sociedade brasileira como estratos politicamente subalternos, contrapostos às elites dominantes do país, com o intuito de interrogar as condições de vida e de trabalhado no Brasil. 

 

PROGRAMA DO CURSO E CRONOGRAMA DE TRABALHO

 

20 de novembro de 2024

Aula 1 - Introdução

Exposição e Apresentação da Proposta do Curso, destacando a metodologia de trabalho e a perspectiva da abordagem das representações do povo brasileiro no fotojornalismo.

 

27 de novembro de 2024

MAUREEN BISILLIAT

​​​​​​​​Aula 2

A imagem do povo: a categoria social e a singularidade estética

 

- O povo brasileiro representado na revista O Cruzeiro: o idílico épico da mestiçagem como perspectiva editorial.

- O retrato popular nas fotografias de Jean Manzon e Marcel Gautherot: a humanismo francês forjando a figura do povo brasileiro.

- O New Journalism e a desconstrução da escola francesa na fotografia de imprensa: Robert Frank, Raymond Depardon e Joseph Koudelka.

- O povo brasileiro representado nas revistas Realidade e Manchete: o New Journalismo no Brasil e a perspectiva visual subjetivista e simbólica.

- Maureen Bisilliat: fotografia e literatura.

 

4 de dezembro de 2024

Aula 3

O popular como fáustico sertanejo: a travessia simbólica e estética da vida popular. 

 

- A vida do povo como fáustico sertanejo - a vida como um desafio ao povo, como algo a atravessar - a existência do povo marcada pelo signo da travessia.

- A mudança do código editorial e fotográfico de que dispomos: nova linguagem para representar o fenômeno psicossocial da vida popular - a fantasia imaginativa e a surpresa poética.

- A representação ficcional do Brasil - a ficção como fonte de conhecimento do Brasil – o encontro da fotografia com a literatura.

- O retrato fotográfico do povo como invenção estética - pela linguagem plástica, pela poética fotográfica: a vida do povo em narrativas prosa\poesia, romanceada pela linguagem fotográfica.

- O retrato fotográfico do povo: a construção da subjetividade pela constituição do sujeito psicológico e social na representação fotográfica.

 

11 de dezembro de 2024

Aula 4

O Sertão estetizado e estética do Sertão: a travessia da imagem para a experiência subjetiva e social do Sertão.

 

- A documentação fotográfica da existência popular como narrativa de uma “matéria vertente”.

- A documentação fotográfica da existência popular pela representação de eixos simbólicos: o sertão, o jagunço, os pactos e a travessia como temas/questões/dimensões da vida e da fotografia.

- Representação fotográfica do Sertão como uma “entidade total” - o que é vivido a partir de suas vertentes mais íntimas e menores, atenta para aquilo que é subjetivo (psicológico e social).

- A narrativa fotográfica documental da história e das estórias: o rio de estórias, os casos, a trama de casos de que o rio é feito faz também a história popular.

- A existência popular como trama do Sertão e das veredas - a trama dos grandes rios e dos pequeninos que são veredas, como rede labiríntica (labirinto: “lavorinto” \trabalho).

- A fotografia da experiência popular como o documentário de um trabalho labiríntico e um grande arco da história e de pequenas estórias de casos.

 

18 de dezembro de 2024

Aula 5

O sertanejo é antes de tudo o povo brasileiro – fotografia e literatura:

Maureen Bisilliat, João Guimarães Rosa e Euclides da Cunha.

 

- A documentação fotográfica do Sertão: representação imagética do trabalho labiríntico de histórias e de estórias através da dimensão SOCIAL e METAFÍSICA: o coração oculto do Brasil.

- A fotografia de um modo de uma vida próprio, aparentemente desconhecido pelo resto do país.

- A proposta de o Sertão estar em toda parte (na dimensão também metafísica) - o Sertão dentro da experiência popular – a fotografia como meio de identificar que o sertão é dentro de toda gente brasileira.

- Sertão: local sem lei, sem a presença ostensiva do Estado - ele é regulado por outra ordem.

- O encontro do universal e o mundo da oralidade sertaneja, avizinhados na vida popular.

 

8 de janeiro de 2025

MÁRIO CRAVO NETO

​​​​​​​​​Aula 6 

Exu não é o Diabo: O orixá mensageiro, transformador e dialético

 

- Exu mensageiro dos deuses, mensageiro do tempo, princípio dinâmico da existência cósmica, histórica e humana - promove a comunicação entre os destinos e os humanos - pertence e participa de todos os domínios da existência.

- O papel ritual de Exu - aspecto que difere do princípio positivo do Deus hebraico-cristão - considerado o mestre do paradoxo para construção do mundo, provocador do caos e da ilusão para revelar caminhos - considerado o mestre da multiplicidade por assumir várias formas.

- Exu é o mais humano dos deuses, nem completamente bom, nem completamente mau (aquele que engana e trapaceia)

- Exu não é Satã - não há “o mal” na cosmologia do candomblé – a lógica e os valores além das dicotomias tais como bem\mal ou verdade\falsidade, além da lógica ocidental analítica, linear e binária que não se aplica ao candomblé.

- Exu representa a emergência da novidade - ao mesmo tempo positividade e negatividade mediadas pela emergência das novidades - é um improvisador e se apresenta entre o caótico e a possibilidade de mudança – negador de estereótipos e de códigos rígidos e formais impostos pela sociedade colonial e mercantil.

- Exu é como a vida, é também paradoxo, processo e semiose - capacidade para romper com as normas e provocar mudanças.

 

15 e 22 de janeiro de 2025

Aulas 7 e 8

A fotografia documental multifacetada de Mario Cravo Neto. 

 

- A fotografia como prazer estético e o sentimento de emoção: a sensação de ver Exu, o orixá mensageiro - como é possível ver Exu nas fotografias?

- A fotografia como forma de identificação do vínculo que imagens contemporâneas podem manter com as narrativas míticas sobre Exu.

- O diálogo entre as técnicas fotográficas (regras de composição e à noção de iconicidade) com os aspectos que dão especificidade ao documento fotográfico, a sua constituição indicial - o fio condutor do diálogo entre uma e outra dimensão, o contemporâneo e o mítico, o real e o simbólico.

- A organização interna e dos objetos fotografados, da composição utilizada, das cores, luzes, enquadramentos que dá a ver Exu – a complexidade do meio fotográfico no desafio dar a ver Exu.

- O contexto de imersão das imagens, cujos elementos são homens e mulheres negras de Salvador.

- Mario Cravo Neto: o fotógrafo baiano que manteve vínculos com o candomblé.

 

29 de janeiro de 2025

Aula 9

O povo brasileiro como Exu e Exu como o povo brasileiro: Processo constante de paradoxo e mudança.

 

- A cultura popular como uma cultura de dupla referência – imanência de um jogo duplo na formação sociocultural brasileira - relacionamento com o real que traduz um agir nos interstícios da coerência lógica do pensamento colonizador e mercantil.

- A experiência popular como mescla de comportamentos - entre os padrões mercantis e a expressão cultural própria - técnica de sobrevivência de duplo.

- A experiência popular no desenvolvimento de um espírito de comunidade – a construção de novas subjetividades além da coisificação e da mercantilização da vida popular: a recuperação da “alma do povo”.

- A cultura popular como cultura afro-brasileira – a convivência entre contrastes: conformidade versus resistência; aparente submissão versus subterfúgio – a multiplicidade e ambiguidade.

- Cultura popular como o simbolismo das incertezas humanas – debate frente aos limites do tempo, às condições sociais estabelecidas e à liberdade frente às imposições – como veículo de sua narrativa, como meio de sua história.

- O popular como um redemoinho voraz de fusão e confusão de símbolos e índices.

 

5 de fevereiro de 2025

CLAUDIA ANDUJAR

​​​​​​​​​​​Aula 10

A fotografia distante do miserabilismo pequeno-burguês e do exotismo

 

 - Crítica à denúncia sutil da imprensa: o diálogo com a experimentação na década de 1970 (a diminuição do território entre fotografia e a arte);

- A cultura fotográfica de imprensa na primeira metade do século XX: a busca de identidade nacional contra o passado colonial;

- O romper com a distância que costuma se instaurar entre o fotógrafo e o fotografado e o comprometer-se: atividade engajada;

- A inspiração da época áurea da fotografia norte-americana: mesclar a paixão pelo ato de documentar com uma exigência radical e vital;

- A fotografia como o registro do infortúnio e da esperança dos homens: dignidade, respeito, pobreza, força, precariedade, esperança: o termo vulnerabilidade de Claudia Andujar.

 

12 de fevereiro de 2025

Aula 11

Os métodos de trabalho de Claudia Andujar

 

- Conceitos e estéticas distantes da simples documentação e do naturalismo: preparação para a tomada de imagens e sistemas de interferência sobre a imagem;

- A crítica à hipótese de neutralidade social e à chantagem ou à obrigação ideológica de uma fotografia populista;

- O recortar com precisão e propriedade o fluxo do real para dele fazer uma imagem: o rigor do enquadramento e senso apuradíssimo;

- A busca incessante da alteridade, da apreensão desse ser incomensurável, o Outro;

 

19 de fevereiro de 2025

Aula 12

Recriando as imagens do invisível

 

- A crítica da imagem fotográfica como produto da indústria cultural, como o “uso do Outro”;

- A responsabilidade ante o fenômeno do Outro, dele ser único e insubstituível;

- A representação fotográfica da manifestação xamânica e da mitologia Yanomami: nova abordagem fotográfica: uma epopeia espiritual e visual);

- A ideia de uma fotografia orientada por um etos próprio: a reinvenção da ação política e do ato fotográfico.

 

26 de fevereiro de 2025

Aula 13

As evidências melancólicas e a reconstituição crítica de um “destino manifesto”

 

- A dramaticidade que enuncia a vulnerabilidade da vida; 

- O desequilíbrio da introdução de novas tecnologias, não elevando a qualidade de vida, destrói uma harmonia imemorial;

- Danação do contato com o homem branco: o desequilíbrio cosmogônico, muito além do ecológico e cultural;

- O ato fotográfico como um ato político, de inserção concreta na esfera pública, e realizar-se como um gesto intimista, como uma ação no território da afetividade;

- O espírito combativo de dar voz ao gueto e revelar a poética da visão cosmogônica dos índios.

 

5 de março de 2025

Aula 14 - Final

Representação do povo brasileiro: Em busca do sujeito oculto

Aula do Prof. Dr. Giovanni Alves (UNESP), doutor em ciências sociais, livre-docente em sociologia do trabalho, coordenador-geral da RET (Rede de Estudos do Trabalho – www.estudosdotrabalho.net) e do Projeto CineTrabalho (www.projetocinetrabalho.net). 

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